Todescan Siciliano

Todescan Siciliano
Arquitetura

quinta-feira, dezembro 11, 2008

http://www.asbea.org.br/asbea/assuntos/le_na_midia.asp?cid=3379
Primeira fase de projeto do instituto Baccarelli é finalizada na favela de Heliópolis
Eficiência no isolamento acústico foi o maior desafio para os arquitetos da Todescan Siciliano Arquitetos e ALS Arquitetura e DesignRafael FrankA nova sede do Instituto Baccarelli foi inaugurada no dia 27 de novembro, no meio da favela paulistana de Heliópolis. Os responsáveis pelo projeto e execução enfrentaram um desafio: criar um local de musicalidade para jovens carentes com isolamento acústico. A primeira fase do projeto, que possui 2,8 mil m², consumiu R$ 4,5 milhões.A nova edificação da ONG está em um terreno de 3 mil m², cedido em comodato pela prefeitura municipal de São Paulo. Em uma área de grande declividade, os arquitetos da Todescan Siciliano Arquitetos e ALS Arquitetura e Design optaram por aproveitar a característica do terreno e evitar movimentações de terra ao deixar parte do subsolo exposto. As árvores retiradas serão replantadas em uma praça que será criada na favela.O edifício possui cinco pavimentos e 20 salas de estudo individual, dez salas de aulas individuais, três salas de aulas coletivas, duas salas de aulas teóricas, uma sala para instrumentos, biblioteca, pátio, sala de ensaio para coro e outra para orquestra, além de uma cozinha com refeitório com capacidade de servir 400 refeições por turno. Essa estrutura permitirá a formação de 2,8 mil jovens músicos e a realização de 10 mil atendimentos - há jovens que realizam mais de uma atividade. No antigo galpão do Instituto, a capacidade era de 500 jovens e 700 atendimentos.Por se tratar de uma escola de música, o maior desafio do projeto foi o tratamento acústico. Nenhuma das salas possui paredes paralelas, todas têm angulação para evitar eco e reverberações. "A elaboração do projeto foi um verdadeiro quebra-cabeça. Chegamos a visitar a Julliard School (renomado centro de estudos musicais nova-iorquino) para saber se estávamos no caminho certo", disse a arquiteta Ana Lúcia Siciliano." Tecnicamente, podemos dizer que o instituto Baccarelli se equipara à escola americana", complementou Frank Siciliano, também responsável pelo projeto arquitetônico.O projeto ainda previu três níveis de isolamento acústico. No primeiro andar, as salas de aula receberam apenas uma massa corrida mais espessa. "O local é para iniciação, não é necessário investir tanto na questão acústica pelos instrumentos utilizados. A criança também pode ficar inibida em uma sala com acústica ideal. O erro dela fica mais evidente e pode desestimulá-la", explica Siciliano.No segundo pavimento, foram empregadas paredes com drywall, lã de rocha e alvenaria. Há também portas duplas para melhor isolamento e painéis de cyber sound foram usados para absorver o som. O terceiro andar é reservado aos músicos mais experientes e recebeu tratamento anti-vibração no piso. Acima da laje, foi acrescentada uma camada de neopreme que receberá uma segunda laje e, acima, um piso elevado.O projeto do sistema de ar-condicionado também considerou a acústica. Para que os dutos não propagassem o som dos instrumentos, cada sala possui climatização independente. A casa de máquinas também recebeu isolamento e o equipamento adquirido emite baixo nível de ruído.Situado em uma área de grande aglomeração e de muita poluição sonora, também foi necessário eliminar ruídos externos. Além da alvenaria, optou-se por vidros laminados com diferentes espessuras para controlar a entrada e até mesmo a saída do som. "Não poderíamos gerar desconforto para os vizinhos", afirmou Ana Lúcia.Próxima etapaO projeto tem 6 mil m² de área construída e custo estimado em R$ 16 milhões. Serão ainda executados 3,2 mil m² em duas edificações que terão uma sala de concertos com capacidade para 580 lugares, cinco salas para ensaios em grupo, sete camarins, uma sala de figurinos, de percussão, de aquecimento, para maestro e o setor administrativo. "A sala de ensaio para orquestra é do mesmo tamanho da área de apresentação da sala de concerto. Na instalação aproveitaremos a inclinação do terreno para fazer a área do público", comentou Siciliano.A obra foi iniciada há 11 meses e foi doada pela Central Geral do Dízimo (CGD), ONG ligada ao instituto Pró-Vida. A segunda fase deverá ser iniciada em 2009 e já conta com R$ 4 milhões da Eletrobrás. Os R$ 7,5 milhões restantes ainda estão em fase de captação por meio da Lei Rouanet.A intervenção na região atraiu a atenção do Poder Público, que criará o Pólo Educacional de Heliópolis - que terá três creches, duas escolas públicas, uma escola técnica (FATEC) e um centro de convenções com cinema, teatro e galeria de arte. As obras desses empreendimentos já estão em andamento.

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