Data: 25/05/2007
Para somar ao conteúdo trazido pelos filmes de ficção, a respeito da arquitetura moderna, a proposta do Café do Relógio vem afirmar que a arquitetura do futuro será definida pela alta tecnologia aliada a soluções simples utilizadas no passado
Dentro: parede de barro e cadeiras de bambu. Fora: um jardim exibe charmosas e aromatizantes flores. Isso nos remete aquela casinha simples de pau-a-pique lá no interior, não é? Mas essa é uma das propostas ''para a casa do futuro'' encontrada entre as inúmeras novidades da Casa Cor 2007.
Projetada pelos arquitetos Ana Lucia Siciliano, Frank Siciliano e Marcelo Todescan a versão da casa moderna está longe de ser governada por um computador. Ao contrário, as residências e ambientes comerciais do futuro terão placas que captam energia solar, revestimentos reciclados, décor de fibras naturais e paisagismo com reuso de água. Toda essa praticidade e respeito ao futuro do planeta pode ser visto e tocado no Café do Relógio.
Ao adentrar o ambiente, pela rampa principal, visitantes poderão andar num piso especial emborrachado feito à base de pneu reciclado. Já na parte interna, o piso de teca, encontrada também na fachada, e os móveis de pequiá, traz ao mercado moveleiro uma nova opção de madeira estável, resistente, advinda de reflorestamento. As paredes revestidas com adobe mostram que, além de requintada, o ''detalhe'' beneficia a saúde, pois a parede passa a ''respirar'' reduzindo problemas de umidade, criando um micro clima interno agradável.
No teto, a pintura à base de tinta mineral produzida com resina e pigmentos naturais dividem a atenção com luminárias de fibras naturais originada do reaproveitamento de curauá, palmito, açaí, côco e miriti. Unidos dão um toque sutil ao design. Para tocar o material, parecido com papel reciclado, porém, mais resistente, não é necessário ser o maior homem do mundo, basta pedir o cardápio ou apalpar displays que estarão sobre as mesas".
E a sustentabilidade não pára por aí", avisa a arquiteta Ana Lucia Siciliano. E ela tem razão. Aventais, cadeiras e poltronas foram forradas por um tecido ecológico adquirido a base de reuso e reciclagem; velas de mesas com sementes naturais e jogos americanos à base de tecido orgânico são outras grandes novidades que constarão no projeto do Café Sustentável, juntamente com cadeiras, guarda-corpos e tampo de mesas feitas de bambu. "Conhecido pela sua resistência, os bambus colaboram com a diminuição da degradação da camada de ozônio, já que filtra 30% a mais do gás carbônico emitido nos ares do que a vegetação de mesmo porte", conta a arquiteta.
Além disso, o Café do Relógio terá um sistema especial de captação e distribuição de energia renovável, onde foram aplicadas placas fotovoltaicas que captarão energia solar e reverterão em aquecimento de água, iluminação e bombeamento de uma fonte d''água. Ainda na iluminação, foram usadas lâmpadas fluorescente compactas com o objetivo de reduzir o consumo de energia.
Depois de todas essas novidades ambientalmente corretas não podemos esquecer do agradável, moderno, charmoso e funcional jardim. Funcional? Isso mesmo, funcional. Segundo os arquitetos a proposta foi criar um projeto paisagístico que aliasse os atributos estéticos e olfativos ao reaproveitamento de água que seria dispensada das torneiras locais. "A água que a priori não teria mais condição de uso é reaproveitada para regar as jardineiras estrategicamente localizadas nos quatro cantos do Café. Para isso foram usados copo-de-leite por se adaptarem a zonas muito úmidas e por sua capacidade de absorção de água, nutrientes e impurezas, filtrando naturalmente a água", revela Ana Lucia Siciliano.
A inovação do projeto permitiu aos profissionais trazerem ao cenário, novidades e soluções para deixar a obra requintada e ambientalmente correta. Para harmonizar a obra foram utilizadas ainda técnicas de Geobiologia e Feng Shui."O futuro da humanidade depende de atitudes assim. Faz parte do mundo moderno e temos que pensar nisso como arquitetos socialmente responsáveis. As previsões sobre o futuro do meio ambiente são pessimistas e o homem passou de vítima a responsável e hoje não é mais opção é uma obrigação contribuir", explica Ana Lucia Siciliano.
O projeto Café do Relógio
- Décor de fibras naturais - Mais resistente do que o papel reciclado, as fibras naturais expostas em luminárias e cardápios revelam que design ético e requinte podem andar juntos. Objetos fabricados artesanalmente com fibras e corantes extraídos de espécies tropicais da floresta amazônica. Da Amazon Paper.
- Revestimento natural à base de barro - Produzido através de terras que seriam descartadas em obras, o revestimento natural e sustentável, além de proteger a parede e deixar com um acabamento requintado, faz bem a saúde, pois paredes revestidas por barro controlam a umidade e a temperatura interna da casa independente do clima externo. Da DeFragoso Revestimentos.
- Paisagismo do futuro - Através de uma pesquisa da ONG O Instituto Ambiental (OIA), foi implantado no projeto paisagístico um sistema chamado "zona de raízes", onde a água que sair da cozinha (chamada de água cinza), será utilizada para regar as jardineiras, localizadas nos quatro cantos do Café, compostas por copos de leite em razão de sua capacidade de viver em zonas muito úmidas, de absorção de água e nutrientes, que no processo normal de irrigação seriam desperdiçados. Da Coltivare Paisagismo.
- Zona de Raízes - O projeto utilizado em parceira com o sistema paisagístico é chamado de "wetlands", onde jardins são produzidos para o tratamento do efluente doméstico. Sua fonte de energia é renovável. O sistema é "ativado" pelas plantas (energia solar) que possibilitam a formação de oxigênio, o qual é indispensável para os microrganismos existentes. Nele, o efluente doméstico ao entrar no sistema de zona de raízes tem os sólidos retidos pelo efeito de filtração (da matriz suporte, das raízes e do biofilme), esses sólidos são decompostos e degradados principalmente pelas bactérias, gerando subprodutos, que parte serão absorvidos e acumulados pelas plantas, proporcionando água reciclada para reuso não potável. Do O Instituto Ambiental.
- Piso de borracha reciclada - Piso absorvente de impacto feito com grãos de borracha reciclada que garantem uma superfície segura e agradável para caminhar. O piso não agride o meio ambiente, pois é fabricado a partir de pneus reciclados, sem necessidade de vulcanização. Portanto, sem emissão de gases poluentes. Da CiaForm Revestimentos.
- Madeira de Teca - Além de sua estabilidade dimensional, a madeira retirada de uma árvore teca adulta é totalmente imune a ataque de pragas. Por conta de sua composição, a teca não precisa receber nenhum tipo de acabamento químico, pois resiste ao tempo por mais de dez anos. Leve, fácil de manusear e de coloração que vai do caramelo ao marron escuro tem uma aceitação muito grande no mercado. Advinda de reflorestamento, a teca usada no projeto possui certificações importantes como a ISO 14001 e a Forest Stewardship Council - lei internacional que confere credibilidade junto a clientes e investidores. Da Floresteca.
